UMA LINHA, PAISAGEM

Uma força estranha parece morar no horizonte em alto mar.
É nos momentos de calma que o horizonte, delineado pelo movimento das águas, se deixa revelar.
Sobre ele se percebe uma linha, ligeiramente acima da linha da água, que de linha não tem nada.
Nessa vastidão de mar vemos a inflexão do mundo, nada é tão retilíneo quanto parece à primeira vista.
Aquilo que era linha toma corpo, vira porto, lar.
Entre pedras, nasce um território, uma porção de mundo banhado por sal, cercado por águas de diferentes humores.
Lá, as rochas contam, aos sussurros, as histórias do mar. Uma linha ao centro, o que conta?
Com a lição apreendida, já não se crê na visão de uma linha, paisagem.

A LINE, LANDSCAPE

A strange force seems to dwell on the horizon, in high seas.
It is in moments of calm that the horizon, outlined by the movement of the waters, reveals itself.
A line can be seen above it, slightly above the waterline, which, in fact, is no line at all.
In this vastness of sea we see the inflection of the world, nothing is as straight as it seems at first sight.
What used to be a line starts taking shape, becomes a port, a home. Between stones, a territory is born, a portion of the world bathed in salt, surrounded by waters of different moods.
There, the rocks tell, in whispers, stories about the sea.
A line in the center, what does it reveal?
With the lesson apprehended, one no longer believes in the vision of a line, a landscape.